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28 de janeiro de 2013

Gratidão não é escravidão



Há muitas pessoas na minha vida a quem sou muito grata por ter me ajudado ou ainda me ajudar quando mais preciso; estar presente nos momentos difíceis; dar apoio, enfim. Pessoas que não esqueço, embora não conviva mais com algumas delas em função da distância geográfica ou mesmo porque as circunstâncias nos afastaram da convivência constante. Contudo, a pessoa está presente na memória e no coração, sempre!

Particularmente, não gosto de confundir gratidão com escravidão. Explicando melhor: porque a pessoa ajudou, apoiou, moveu (e ainda move) céus e terra por alguém, esse alguém se sente na "obrigação" de ser "devoto" da outra que o ajudou. E, nesse sentimento de "obrigação", muitas vezes inconsciente, desenvolve um relacionamento quase doentio com o outro e vice-versa. Um está sempre ajudando o outro, um está sempre com o outro, numa "pseudo simbiose", pois ambos acham que há vantagem na relação, quando, na verdade, há carência, necessidades não supridas, transferência de responsabilidades, culpa, rejeição, enfim... Tudo isso, menos gratidão.

Há uma diferença entre ser prestativo, porque isso é da sua personalidade, é da sua índole, e ser prestativo porque você quer a pessoa dependendo de você, ou "eternamente grata" a você. É aí que está o limite da escravidão, da relação nociva. E não reconhecer esse limite, ou a intenção da solidariedade que lhe foi prestada, pode gerar um abismo emocional no qual se desenvolve a "pseudo simbiose". Por trás da relação aparentemente sólida, bonita, de cumplicidade, há carências alimentando outras carências.

A gratidão genuína é desprovida de interesse, de obrigação, de culpa ou remorso. Ela não oprime, antes de tudo, é pura, leve, acontece naturalmente. Você se doa ao outro quando percebe que ele precisa, mesmo quando não pede sua ajuda. E quando pede, você move céus e terra para apoiá-lo, porque um dia ele fez algo por você e ainda fará se for preciso. Na gratidão não há dependência, porque a gratidão é livre para deixar o outro ir e voltar quando quiser, e para se deixar ir e voltar quando outro precisar.

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