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11 de janeiro de 2010

Amizade ingênua, sincera, desinteressada...

Uma amiga me convenceu a escrever sobre amizade.
Isso porque ela contabilizou quase vinte anos de amizade comigo. Puxa vida! Duas décadas!
Uma amizade que começou aos 12 anos, ingênua, sincera, desinteressada...

Morávamos numa cidade litorânea do interior do Espírito Santo, divisa com a Bahia... Linda! Como aquela cidade era linda quando tínhamos 12 anos... Essa amiga me fez relembrar bons momentos: o primeiro beijo, o primeiro porre, o primeiro namorado - que depois se tornou namorado dela também...
Era uma amizade ingênua, sincera, desinteressada...

Fez-me relembrar do apontador vermelho em forma de telefone, que emprestei para ela. Ali começou nossa amizade. E o telefone continua sendo nosso ponto de contato, concorrendo com a Internet, sem comparação...
Era uma amizade ingênua, sincera, desinteressada...

Fez-me lembrar das aulas de Ciências, com a "tia Ruth" e mais tarde com "tia Germana"; de Matemática, com a "tia Olga"; de Religião, com a "tia Madel"; de História, com a "tia Rosinha" e seu famoso "né?" que ela sempre pronunciava ao final da frase... Aí vem, claro, as aulas de Português com a "tia Rita" e depois com a "tia Eliane", que não gostava que a chamássemos de "tia"... Ali aprendemos a chamar os professores pelo nome, apenas. Eliane, Renato, Nalvinha, Solange...
Era uma amizade ingênua, sincera, desinteressada...

Fez-me lembrar das viagens para o saudoso colégio Leon Feffer, que ficava na Bahia. Era quase 1h30 de muita bagunça, música, piada, paquera, segredos que trocávamos e achávamos que ninguém mais estava ouvindo, risadas, lágrimas, aventuras. Da viagem para Jerônimo Monteiro, a cidade dos besouros; não dá para esquecer também viagem para o sul da Bahia e ali a paixão de adolescente, o porre com Martini, os banhos de mar à noite, o passeio de banana boat.

Sem contar as idas à missa e o passeio na pracinha; as  paixões platônicas; os receios de adolescentes - quantos receios; as músicas que marcaram época: "Conceição da Barra, amor de verão, Conceição da Barra, mora em meu coração...", "More than words...", "Sandra, Sandrinha...".
Era uma amizade ingênua, sincera, desinteressada.

Fez-me relembrar da minha partida para Brasília e o choro que durou horas no ônibus. E eu que achava que não sabia o que era saudade! Fez-me lembrar das cartas, dos telefonemas nos nossos aniversários, das viagens de volta no final de ano, dos verões, dos carnavais, dos beijos, dos abraços, da alegria da chegada e da tristeza da partida... quantas chegadas e quantas partidas!
Era uma amizade ingênua, sincera, desinteressada...

Incrível como a memória permanece viva para tantos fatos e detalhes!

Até hoje é assim: mantemos contato, trocamos confidências, exortamos uma a outra, oramos uma pela outra, torcemos pela felicidade da outra. Não importa se ela está do lado de lá e eu do lado de cá...

Hoje estou casada, ela solteira, mas por pouco tempo, eu creio!
Eu sem filhos e sem sobrinhos, mas por pouco tempo, eu creio! E ela já é tia de duas crianças lindas.
Eu jornalista, ela bióloga e engenheira ambiental (duas faculdades, uau!).
Eu em Olinda (PE), ela em Vitória (ES).
E continua sendo uma amizade ingênua, sincera, desinteressada!